Mais uma vez me aparece outra
tomografia. Dessa vez era um tórax, e sem contraste. Vou buscar a paciente na
emergência. Noto se tratar de uma jovem moça, bonita até. Parecia ter seus 28
anos, loira com olhos azuis. Corpo típico de uma mulher digna de atrair dezenas
de olhares por onde quer que passe, mas possuía um comportamento meio estranho.
Os olhos estalados e fundos. Pareciam de um psicopata a espreita de sua próxima
vitima.
Estava acompanhada de outra garota.
Acho que eram amigas.
Durante o caminho até a tomografia,
percebo sua amiga conversando com ela sobre a festa que foram. A julgar o
estado e roupas das mesmas, concluo que vieram direto de lá para o hospital.
Quando entramos na sala de exames,
peço a sua amiga a ajudá-la a retirar o sutiã e vou para a sala de comando
abrir sua ficha. Volto e a posiciono no aparelho. Cubro-a com um lençol devido
o ar condicionado ligado e a sala estar um pouco fria. Realizo seu exame sem
problemas. Sua amiga ficou do lado de fora aguardando acabar.
Volto na sala para retirá-la do
aparelho, ela continua com os olhos estalados para o teto. No momento em que
agarro o lenço para retirá-lo de cima dela para levantá-la da mesa de exames,
ela o agarra com todas as forças, volta seus olhos arregalados para mim e diz:
“Não! Mim não gosta! Mim não quer tirar!”
Apesar de ser uma loira de olhos
azuis, confesso que aqueles olhos maníacos fixados nos meus juntamente com
aquele palavreado sem concordância verbal, nominal, nem nada me deixaram um
pouco estarrecido e perdido na situação.
Sua amiga veio logo em seguida e eu
narrei a cena recém-ocorrida para ela a fim de esclarecer possíveis futuras
interrogações a cerca disso.
Ela sorriu para mim e disse: “Nem
liga. Ela tá louca de coca!”
Volto com ambas até a emergência e
comunico o médico que o exame já esta feito.
Volto para o quarto pensando: “Será
que estou ficando velho mesmo, ou foi o mundo que se perdeu de vez?”
Fonte da Imagem: Music Non
Stop - Uol
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