Alguns pacientes
deveria ser proibidos de dormir se constatado um sono profundo e pesado.
Digo isso porque tive
uma experiência curta, mas bizarra.
Era madrugada e
chamaram-me para realizar um exame na unidade de internação. Não achei isso muito
legal da parte deles, pois se o paciente já estava internado e eu estava lá o
dia inteiro, porque só quando nos chama quando estamos deitados descansando?
Isso é um desrespeito a mim e principalmente ao paciente que será incomodado
por mim. E além disso ainda fico taxado pelo próprio por incomodar a noite de
sono dele. E com razão!
Enfim. Levantei-me e
fui à unidade para realizar o exame. Peguei o aparelho portátil, que de
portátil só tem o nome (Já disse isso antes, mas repito!) e o filme.
Na unidade, o
enfermeiro me avisou que o paciente não era acamado nem nada e que não
necessitava de ajuda. Ele mesmo ajudava a se posicionar.
Quando cheguei lá, o
paciente estava dormindo deitado de lado, óbvio, mas tive de acordá-lo.
Entretanto, para que meu desespero fosse ainda maior e mais completo, o
paciente não queria acordar de jeito algum. Chamava-o e até o sacudi em dado
momento, mas nada dele se mexer. Continuava a roncar em seu agradável sono de
beleza. Eu, em doce martírio, continuava a chamá-lo na esperança de até o
clarear do dia pudesse realizar seu exame.
Quando já perdia as
esperanças, e estava quase o dando como morto (só sabia que não estava porque
produzia uma sinfonia inacabada de roncos), ele se movimenta. Meus olhos
brilharam. “Enfim, farei o exame!” pensava. Mas como diria Joseph Climber, “a
vida é uma caixinha de surpresas”.
Quando finalmente
consegui acordar o paciente, ou pelo menos era o que parecia, disse a ele: “Boa
noite senhor. Desculpe incomodar, mas preciso fazer um raio-x no senhor.”
Ele olha com seus
olhos semi serrados para mim como se não estivesse entendendo nada.
Eu repito: “Vamos
fazer um raio-x?” e fico com um sorriso besta no rosto esperando a boa vontade
dele se mover.
Ele encontra forçar
para abrir a boca e pronunciar algo.
“Que horas?” me
pergunta.
“Agora!” respondo
ainda com o sorriso besta na cara e esperando ele se levantar.
“Ah tá. Tá certo.
Vamos sim.”
Fique feliz em ouvir
isso, mas logo ele continuou.
“Tchau!” voltou de
lado e dormiu novamente.
“Tchau?, como assim
tchau?”
Não acreditei. Ele
falou comigo e depois voltou a dormir.
Cutuquei ele
novamente, só que dessa vez com mais força, e ele abriu os olhos novamente. Já
não estava mais com meu sorriso idiota, mas sim com uma cara fechada do tipo
“Ta ruim pra você, né amigão!? Olha, pode ter certeza que pra mim também não tá
bom!”. Mas só respondi: “E aí, vamos fazer o exame?”
Dessa vez ele entendeu
o recado. Levantou-se e pude posicioná-lo. Realizei o exame, revelei e
entreguei na unidade. Voltei para o quarto e esperei o galo cantar, o sol
nascer, o dia clarear e meu plantão acabar.
Fonte da imagem: peregrinacultural.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário