segunda-feira, 11 de julho de 2016

Mais um Dia de Plantão


Logo pela manhã, ao me dirigir ao refeitório, me deparo com um café estonteante.
Havia pão e, o que poderia se dizer ter sido, uma bandeja de salsicha com molho.
Vou ao encontro desta como uma criança da Etiópia (nada irônico, apenas a dura realidade mundial).

De repente, minha visão mais uma vez me confunde.
Onde está a salsicha? Salta em minha mente.
Um amigo ao meu lado, vendo minha feição, lançou a afirmativa:
É caldinho. Começou a dizer. É que estamos na época do frio, aí eles decidiram fazer pão com caldo de salsicha pra aquecer.
Só pode. Exclamo concordando com sua afirmação sarcástica.
Mesmo naquelas condições, preparo meu pão e me delicio com o tão sonhado caldo de salsicha aguado.
Enquanto sentado, percebo inúmeras pessoas adentrarem ao recinto e terem a mesma surpresa que eu tive. Uns até comentavam: Nossa só sobrou o caldinho!
Eu, em minha mente, apenas ressaltava: Acho que eles serviram só o caldinho.
Após o café dirijo-me ao alojamento. Foi uma manhã amena. Quase sem exames.
No horário do almoço, lá vou eu novamente ao refeitório.
Quando chego lá, deparo-me com uma feijoada que já fora servida no dia anterior, no almoço e jantar. Ela estava com uma coloração um tanto estranha, meio acinzentada.
Isso é assim mesmo? Pergunto a mim mesmo.
Pelo visto, não foi somente eu o único a notar este fato. Algumas pessoas também perceberam, mas não pareceram dar muita importância ao fato, e puxavam um prato enchendo-o da tal feijoada cinza.
Por instantes fico em frente a ela e pensando: Partiu intoxicação alimentar?
Creio que os responsáveis pelo refeitório devem pensar que se alguém passar mal, já estariam no hospital, lugar certo para serem assistidos.
De qualquer forma, dei meia volta e procurei na lista telefônica algo que pudesse me satisfazer.
Após meu almoço particular, volto para meu alojamento e passo minha tarde com poucos exames. Nada muito complexo, mais aqueles de rotina mesmo.
O tempo passa e o jantar chega. A caminho do refeitório reflito sobre meu possível encontro a tal maravilha gastronômica novamente. A essa altura do campeonato ela já poderia ter adotado uma coloração diferente, talvez verde.  Poderia até ter seu nome modificado. De feijoada cinza para feijoada de fungos.
Chego ao refeitório já esticando meu pescoço em direção as bandejas e percebo de inicio que a nossa amiguinha não estava presente. Menos mal. Pensei.
Em seu lugar, havia um molho indecifrável, que foi inevitável pensar no molho da salsicha pela manhã, e um frango esturricado. Parecia aqueles filés de frango que você tira da geladeira e bota no forno para assar (sim, eu disse assar saindo direto da geladeira) sem temperar nem nada.
Mas como nosso melhor tempero para a comida é a fome, pasmem vocês, o frango estava delicioso. Não sei afirmar se estaria bom se as circunstâncias fossem outras, mas naquele momento era o que importava.
O molho? Não ousei me servir dele.
Voltei para o alojamento e continuei meu plantão.
Em relação aos exames, nada novo nem especial. Fora um plantão normal como qualquer outro. Já as refeições, marcaram-me de um jeito que podemos dizer toxicológico.

Fonte da imagem: clinicanasnuvens.com.br

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