Como na maioria dos enredos, posso dizer
que tudo começou na noite anterior. Foi uma tarde de limpeza em casa. Aquela
faxina do teto ao chão.
Ao cair da noite, estava naquele estado
de conquistador arrebatador de coração de urubu de lixão. Meu cheiro era
agradabilíssimo. Quem dera minha mulher se sentisse atraída. Ela cuidou do
nosso filho mais novo durante a limpeza e não foi contemplada também com o odor
de macho-alfa.
Para minha noite parecer completa,
acabara a água bem na hora em que entrei para o banho.
Ah
que alegria! Pensava. Voltarei aos dias de vida selvagem dos
primatas e nem precisarei me envolver de armadilhas.
Meu cheiro se encarregaria disso.
Penso. Tudo bem. Amanhã entro mais cedo no serviço e tomo banho.
Chego ao trabalho pronto para o tão sonhado banho. Tudo parecia correr
bem, pois dispunha de três chuveiros no alojamento que poderiam resolver meu
probleminha.
Normalmente havia pessoas que também faziam
uso do chuveiro, mas acreditava que não teria de esperar em fila, afinal era
seis horas da manhã.
Sentia-me ainda mais incomodado, pois
parecia que o suor e a catinga haviam sido incorporados ao meu corpo.
Estava um pouco frio quando cheguei, mas
ignorei.
Um amigo também tinha a mesma intenção
de banho, mas não me preocupei devido à quantidade de chuveiro e interessados
no mesmo.
Adentrei em um aleatório. Ele fez o
mesmo.
Sem pensar em nada, e com a vontade
louca de me desfazer daquela sensação grudenta, abri o registro de forma sedenta.
Louco pela água daquela tubulação. Eis que surge um jato d’água frenético.
Parecia um míssil que se encontrou com meu corpo.
De repente, minha angústia pelo odor
toma espaço para um frio aterrorizante. Fechei-o no mesmo instante.
Aquele maldito chuveiro estava com a
resistência queimada.
Ah
desgraça! Solto de
raiva. Fiquei batendo meu queixo.
O
que houve? Ele diz.
Essa
desgraça ta fria.
Nossa,
o meu está quentinho. Solta
uma risada sarcástica. Tenta o outro.
Parti para o outro ao lado do que
estava. Preparei-me e abri o registro, dessa vez de forma calma.
Ao tocar a água novamente. Ai desgraça!
O
que foi?
Está
fria também.
Novamente ele ri de forma satírica. Por
um instante pensei que ele soubesse da falha dos chuveiros e não me avisou.
Talvez queria se divertir antes de assumir seu plantão.
Espere
um pouco, estou saindo e você usa esse.
Está
bem. disse agradecendo.
Fiquei lá enrolado na toalha com o corpo
meio molhado e sentindo um frio cretino daquela manhã até o chuveiro vagar.
Quando ele saiu, corri para dentro do Box
e tranquei. Dali ninguém me tiraria.
Foi o melhor banho que tomei.
Após quase me sentir uma cachinhos
dourados em busca do mingau de temperatura adequada, aquela água quente
finalmente conquistada me deu um gosto de vitória no campo de batalha.
Após o banho tomado troquei-me e assumi
mais um plantão.
Os médicos estavam ansiosos por exames
naquele dia. Não parei um minuto. Logo após a primeira hora, percebi que estava
com meu cheiro agradável novamente, e veja que já passei da puberdade.
O corpo esquentou e o sol mostrou-se
ainda mais quente. Senti falta daquela água congelante da manhã.
Enfim, a hora do almoço chegou. Estava
faminto. Vou ao refeitório ansiando por uma refeição agradável ao paladar.
Encontro meu amigo na porta. Bora almoçar? Pergunta.
Opa! Respondo com fome.
Quando chego lá, noto minha maravilha.
Na primeira bandeja, arroz em bloco. Tudo
bem que estávamos em época de carnaval, mas festejar até na refeição poderia
ser algo dispensado naquele momento, mas enfim.
Na segunda, feijão ilha, que é aquele em
que você vê um pequeno arquipélago em meio ao Oceano Pacífico.
A terceira bandeja havia um strogonoff.
Puxei a concha para me servir e, ao
levantá-la, senti uma terrível vontade de sanar minha dúvida cruel que me dera
quando vi a cena.
É
de quê esse strogonoff? De trigo?
Perguntei ao garçom.
Frango. Respondeu dando um sorriso amarelo. Mas
acho que acabou. Completou.
Jura? Pensei.
Meu amigo, ao meu lado, exclama. Nossa, pensei que era molho rose!
Tem
batata palha pelo menos.
Percebo.
Então, peguei meu arroz unido, um pouco
de feijão ilhota e meu strogonoff de trigo e fartei-me de batata palha. Aquilo
me salvaria.
Antes de sair do refeitório meu amigo,
que estava de plantão na emergência, ressalta. Tem um monte de exames agora de tarde viu. E também tem duas
tomografias com contraste nas unidades. Só pra avisar.
Agradeço sua preocupação com meu bem
estar físico, mental e estomacal e volto para a seção informando que em breve
iria às unidades e depois à emergência.
Vou ao alojamento para escovar meus
dentes e volto para a seção.
Quando vou me preparar para começar
minha lista incansável de exames, ouço um estrondo.
O
gerador ligou. Pensei.
A energia havia acabado.
Minha reação: vibrei!
Fui às seções que havia exames pendentes
avisando.
Senhores,
a luz acabou. Estamos no gerador. Os aparelhos de raios-x e tomografia não
funcionam assim. Quando voltar a energia eu avisarei e faremos os exames.
Fui para o quarto do plantonista e
aguardei pacientemente a luz voltar.
O plantão acabou. Minha rendição veio,
mas a luz não.
Voltei
para a casa pensando. Nada como um ‘dia
de sorte!’Fonte da imagem: socialspirit.com.br
Essa foi a mais top
ResponderExcluirEssa foi a mais top
ResponderExcluirKkkk vlw :)
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ResponderExcluirMtooo bom!!! Kkkkkk
ResponderExcluirMtooo bom!!! Kkkkkk
ResponderExcluirMto boa. Mto interessante qdo da nome aos pratos kkkkkk amei
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