Estava no alojamento quando o telefone
tocou.
Raios-x. Respondo.
É aqui na emergência. Tem dois exames
para você aqui.
Já estou indo. Desligo o telefone.
Chegando lá, vejo o médico terminando
de prescrever os exames.
Estico meus olhos para ver quais seriam
as incidências. 15 no total.
Nossa! Indago com surpresa.
Ele, ao perceber minha reação aos
inúmeros exames começa a explicar.
É um casal. Eles se acidentaram de
moto. Já vieram de outro hospital com todos esses exames feitos lá, mas resolvi
pedir tudo de novo porque não consegui ver nada naqueles.
Não surpreso, apenas acenei com minha
cabeça concordando com suas palavras.
Eles estão ali! Disse-me a enfermeira
apontando para a sala de medicação.
Já posso levar? Pergunto.
Sim. Responde apenas.
Quando estou levando-os, percebo que
estão bem ralados e se queixando de dores. A garota estava com mais queixas que
ele, tanto que ela possuía mais exames e estava na cadeira de rodas, mas
conseguia andar sem a menor preocupação.
Comecei por ele, por este ser mais
rápido por menos incidências. Depois realizei os dela.
Em ambos os casos foi certa briga em
posicionar corretamente, pois era “ai, ai” daqui, “ui, ui” dali.
Aquela coisa de praxe.
Demorei cerca de 40 minutos com os
dois.
Até que fui rápido! Pensei. A julgar
pela indisponibilidade que ambos apresentavam em se posicionar.
Revelei os exames e levei ao médico
para a avaliação final, e devolvi o casal à enfermaria.
Aqui está Doutor. Digo enquanto
entrego-lhe em mãos os exames e completo. O cidadão fraturou a clavícula
direita.
Antes mesmo que ele abrisse o envelope
e analisasse as imagens, ele disse:
Sim, eu sei. Eu vi isso nos raios-x que
eles trouxeram.
Intrigado com sua resposta, indaguei.
Mas o senhor não havia dito que os exames
que eles trouxeram não davam para ver nada?
Percebi uma demonstração acanhada da
parte dele que tentou se justificar enquanto gaguejava.
É, isso eu consegui ver.
Hum… Sei. Respondi.
Entreguei-lhe os exames e voltei para
meu alojamento.
Mais tarde trocou o plantão médico e
novamente fui acionado para o mesmo exame, que segundo o médico, não havia
feito um dos ombros da garota. Ao que parecia o casal ainda permanecia no
hospital. E já havia se passado um bom tempo que eu fizera seus exames.
Mas eu fiz! Respondo ao médico
depois de ter me dirigido novamente à emergência.
Mas está faltando uma, não está? Ele disse. Eu não
vi! Completou.
Abriu o envelope e começou a saltar os
exames um por um, até que chegou ao tal que ele queria.
Aqui. Está faltando o perfil e o
axilar. Disse enquanto mostrava-me um exame do ombro da garota em sua mão.
Esboço uma face de indiferença
lançando-a para o médico e respondo.
O Frente eu aproveitei do tórax para
não expô-la mais que o necessário à radiação, e este que o senhor está
segurando é o perfil.
Ah é! Não é o frente? Pergunta-me
intrigado. Bom, de qualquer forma ainda falta o axilar, né.
O axilar eu realmente não fiz, pois o
outro médico, até então, não havia pedido. Respondi.
Levei a garota à sala de exames e
realizei a incidência que faltava.
Revelei-a e entreguei ao médico.
Voltei para o alojamento pensando. Esses médicos
que não se comunicam entre si…
Fonte da Imagem: Pixabay.com
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